domingo, 29 de junho de 2008

Espera


A espera acompanha a angústia.
Quando estamos empenhados ou mesmo confiantes, não sei se a torna melhor ou pior, só sei que ela tem o dom, a capacidade, de transformar um segundo em uma hora, um batimento em cem, calor em frio e um dia em uma semana.
Não gosto de multiplicar expectativas, elas podem se transformar em sonhos, que mesmo necessários, são menos palpáveis que qualquer ato ou resultado concreto. Resultado esse decisivo, suado e reconhecido ou pelo menos espera-se.
Acordar sem querer levantar, cozinhar sem querer comer, andar sem querer caminhar, não são horizontes a se seguir, mas que começam a surgir.
Anseio pela volta do segundo, do batimento, do calor e do dia, que dependerá apenas da resposta, decisiva nos dois sentidos.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

12/06


Dias dos amantes, dia quente e ardente, dia frio aquecido,

dia que impera sentimentos de carências,

amores novos, confusos, tardios, criados no imediato,

todos são sentidos, provados, palpados.

Beijos ardentes, rubros corpos suados,

pecados perdoados, prazeres exaltados, fetiches são criados.

Dia de se entregar, ao momento, a carne, sem culpa, com maldade,

maldade boa, olhar de sosleio, sorriso de canto,

usar transparências, ser transparente.

Dia em que todos se entregam, casados, solteiros, amantes e amores.

O colorido invade, perfumes aguçam, toques excitam, a seda seduz.

Não espere o cair do sol e o subir da lua.

caia sobre o sol e deite-se na lua.

Dia do não querer sentir, e sim do sentir sem querer.

Dia em que 1+1=1.



terça-feira, 3 de junho de 2008

Sentimento que impera, mas não revigora


Sentimento que impera mas não revigora
o rubor na face deles que não se enxerga
uma vida que termina mas não se inicia
comandados na planície onde não tem clima
uma morte, duas mortes, mas que não tem pena,
uma vida, duas vidas, que não são plenas.
Cai a noite ou cai o toque, não sei o que.
Surgem batmans atados nas minhas ruas,
nossos becos dominados pela luxúria
e banhados pelos trapos de nossos filhos,
são os filhos do presente que são futuros.
Onde dará esse futuro que não se quer?
Quando entra-se num túnel não sei se saio
Somos farmácias ambulantes para aguentar
Essas figuras constantes em nosso ar.
O ar mais seco do que quente que faz sangrar
Somos cercados de animais irracionais,
Répteis, anfibios, leões e lulas tão indigestas.
Já enjoei de comer tanto o mesmo prato,
minha fome zero continua mas, negativa.
Será que adoto a anarquia? Sem coerção é solução?
Não sei ao certo se é certo essa solução
Sentimento que impera mas não revigora
é o ressentimento social, ressentimento social, ressentimento social, ressentimento social...